quinta-feira, 30 de julho de 2020

Polícia se despede do cão com um belo funeral-BIOLOGIANEWS

“Ele não era apenas um amigo, ele era o melhor amigo”, escreveram os policiais. O cãozinho Binômio descansou em um canteiro de flores. E além, entre as nuvens. 

Os cachorros policiais costumam ser importantes membros desses órgãos que são encarregados de cuidar e proteger os cidadãos. Suas habilidades de detectar narcóticos e até para encontrar pessoas que podem ter desaparecido. 
Mas o cãozinho não era somente um exemplar policial, mas também era um grande companheiro e amigo dos policiais. A quem todos os policiais cuidavam e gostavam muito de passar o tempo com o cão Binômio.

Polícia se despede do cão com um belo funeral. Seus brinquedos o acompanharam

Quando se cria esse grande vínculo de amizade a partida deles dói muito. É como se fosse algum membro da família, esse ocorrido aconteceu na Espanha. Infelizmente eles perderam um membro canino. O cãozinho Binômio, um pastor alemão que infelizmente faleceu, e seus colegas de serviço decidiram fazer uma linda homenagem a ele. 
Ele estava cercado por lindas flores brancas, acompanhado por seu uniforme de trabalho e seus brinquedos, o cãozinho teve um belo funeral com o qual outros policiais puderam dizer o tão doloroso adeus.

Muitas pessoas reagiram a bela homenagem, foi muito emocionante o que fizeram pelo cãozinho, dava para ver que ele era muito querido pelos policiais.

Eles ainda atuam em missões de resgate e defesa, sendo tão ágeis que podem cuidar de seus companheiros humanos do perigo antes mesmo que a polícia perceba que algo está errado. Os policiais ainda complementaram que foi muito sorte de ter o Binômio com eles, ele sempre estava disposto a dar a vida para cumprir um serviço de resgate e proteção. 

O cachorro merece todas as honras, não sabemos qual registro policial ele tem, mas o fato de ser treinado e ter que arriscar sua vida às vezes é suficiente. Ele poderia estar em uma casa tranquila, comendo e recebendo amor, mas ele fez mais. 
Obrigado Binômio, por cumprir sua missão como um cão policial e cumpri-lo até o fim de seus dias. Sem dúvida, você mudou algo e será inspiração para muitos treinadores. Uma linda homenagem merecida ao cão policial!

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Estudantes de Minas Novas embarcam para olimpíada matemática em Taiwan - BIOLOGIANEWS

Os seis estudantes de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, convidados para competir em uma olimpíada internacional de matemática em Taiwan, estão, finalmente, a caminho de seus sonhos. Thais Pereira, Eric Soares, Gabriel Lopes, João Lemos, João Mota e Vitor Martins, todos de 14 anos, saíram nesta quinta (1º) da cidade onde moram e embarcam nesta sexta-feira (2) para Taipei, capital do país onde acontece a competição.
Foto: Arquivo pessoal
Esta etapa da Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteira acontece entre os dias 4 e 8 de agosto. Em Taipei, os estudantes serão uma das 29 equipes brasileiras convidadas para participar, conforme contou o professor de matemática do grupo, Adalgisio Gonçalves Soares. “Eu acredito muito nos meninos e, apesar de não ter havido muito tempo para os preparos, foi assim também nas etapas no Brasil. E eles conseguiram tudo, estou muito confiante que eles vão trazer medalhas para o nosso país”, revelou o professor, que também embarca para a Ásia como acompanhante dos alunos. Desafios Matriculados no 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública em Minas Novas, os adolescentes foram medalhistas nas etapas estadual e nacional da Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteira e convidados a competir internacionalmente, mas a viagem teve que ser toda paga por eles. 
A imagem pode conter: 9 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas em pé e área interna
Foto: Arquivo pessoal
Segundo o professor de matemática, o custo para cada aluno seria em torno de R$ 12 mil. Devido a isso, em julho, os alunos iniciaram uma campanha para arrecadar os recursos para a viagem. Para levantar a quantia, toda a comunidade escolar se envolveu e trabalhou em campanhas de arrecadação. Na internet, o grupo criou uma vaquinha com a intenção de levantar R$ 77 mil. Como o tempo foi curto, cerca de um mês apenas, os alunos conseguiram apenas R$ 16 mil por contribuições on-line, mas o restante do dinheiro foi conseguido com doações diretas. “As doações foram a principal fonte de renda, mas fizemos várias coisas, como bazares, promoções e ações na cidade”, detalhou o professor. Mesmo após conseguirem o dinheiro, outros percalços apareceram. O professor precisou viajar a São Paulo para resolver problemas com os vistos dos adolescentes e garantir que pudessem embarcar. Agora, ele já está na capital paulista e espera os alunos para embarcarem juntos do Aeroporto de Guarulhos, nesta sexta.

Turma brilhante 
Para Soares, o empenho e a vontade da turma em aprender foram os responsáveis por levá-los tão longe em uma competição internacional. O professor relatou que busca ensinar da forma mais cativante possível e que o método tem surtido efeito. “Trabalho com essa turma desde o 6º ano e sempre procurei ensinar a matemática de forma descontraída para tentar atrair o aluno, principalmente porque não é o conteúdo favorito da maioria dos alunos, e eles sempre abraçaram as ideias que eu trazia e iam além”, contou. Baseado no bom desempenho dos alunos, o professor não teve dúvidas quando ouviu falar da Olimpíada Matemática sem Fronteiras e inscreveu a turma para participar antes mesmo de falar com a escola. Após ter a participação aprovada, o docente conversou com a direção, que acatou a ideia e pediu que ela fosse estendida a todas as turmas. “Foi tudo muito rápido e nem tivemos tempo de preparar os meninos, mas o desempenho deles foi mais do que suficiente e eles conseguiram trazer as medalhas para nossa cidade”, relatou. 

Agora, Soares contou que conseguiu estudar com os alunos as provas de anos anteriores para a etapa internacional. A conquista dos estudantes é um marco para a cidade e para a região, acredita Soares. O professor declarou que sempre buscou levar o que há de melhor para os alunos, mesmo que a realidade deles seja tão dura, em uma região distante dos grandes centros, financeiramente carente. “Nunca deixei que eles pensassem que a questão financeira fosse uma barreira intransponível. Mesmo que ela interfira, sim, no aprendizado, há maneiras para superar as dificuldades. Os meninos são a prova de que mesmo nesses locais a educação é o que quebra as barreiras”, concluiu.
A imagem pode conter: 6 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas sentadas
Foto: Arquivo pessoal
A Olimpíada 
A Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras (OIMSF) é a seção brasileira do evento internacional Mathématiques sans Frontières, criado em 1989, e organizado pela Association Mathématiques sans Frontières, com sede em Strasbourg, Alsácia, na França. No Brasil, a OIMSF é organizada pela Rede do Programa de Olimpíadas do Conhecimento (Rede POC). Para concorrerem na competição internacional, estudantes de escolas públicas e privadas brasileiras, matriculados regularmente nos ensinos Fundamental (I e II) e Médio (regular, suplência ou técnico), fizeram uma prova mundial e on-line no dia 5 de abril.
Alunos saíram na manhã desta quinta-feira de Minas Novas, onde moram, e embarcam sexta para a Ásia – Foto: Arquivo pessoal / Divulgação
Foi o resultado dessa prova que motivou a Rede POC a convidar os meninos de Minas Novas para integrarem a delegação brasileira. Ao todo, os estudantes da cidade mineira conquistaram quatro medalhas: ouro estadual e ouro nacional, com o 9º ano; e ouro estadual e prata nacional, com o 3º ano. Para mais informações, consulte o site oficial do evento – matematicasemfronteiras.org.

terça-feira, 30 de julho de 2019

Vinte empresas têm interesse em cultivar maconha medicinal - BIOLOGIANEWS

Elas foram à Anvisa, que estuda o assunto; lista inclui EUA, Israel, Canadá e Europa.

BRASÍLIA - A menos de um mês do fim da consulta pública sobre a liberação do cultivo de maconha para fins medicinais, 20 empresas nacionais e estrangeiras já procuraram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para manifestar interesse em cultivar a erva no País. Audiência pública para discutir a regulamentação está marcada para esta quarta-feira, 31.

A reportagem apurou que empresas do Canadá, dos Estados Unidos e de Israel são as mais interessadas. Também desembarcaram no País, com o mesmo interesse, representantes de empresas da Austrália, do Uruguai e da Europa. A diferença dessas últimas é que elas pretendem investir por meio de parceiros locais.

Vinte empresas têm interesse em cultivar maconha medicinal
Cultivo no Canadá. Brasil tem maior potencial para esse mercado na América Latina; 3,9 milhões seriam beneficiados Foto: REUTERS/Carlos Osorio

A Anvisa alega que, por sigilo, não pode informar nacionalidade ou qualquer detalhe adicional que identifique os potenciais investidores. Isso porque a agência não cuida de questões de mercado, apenas orienta como deve ocorrer o processo de legalização dessas empresas, a partir do momento em que o cultivo for liberado no Brasil, possivelmente a partir de 2020. Apesar de a Anvisa colocar o tema em consulta, a liberação do plantio de maconha enfrenta resistência dentro do próprio governo. A reação é capitaneada pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra, que trabalha para que, ao fim da consulta pública, o tema seja enterrado. Em entrevista ao site Jota semana passada, Terra disse que o governo poderia até mesmo encerrar as atividades da agência, caso a ideia vá adiante. 

“Os caras que querem liberar a maconha se escondem atrás do desespero das mães de pacientes”, disse ele na entrevista. Estima-se que, com a regulamentação aprovada pela Anvisa, o total de pacientes beneficiados pelos medicamentos à base de canabidiol, o princípio ativo da maconha, chegue a 3,9 milhões em três anos. Isso significa mercado potencial de R$ 4,7 bilhões ao ano, calcula a empresa de dados New Frontier em parceria com a startup brasileira The Green Hub. A empresa atua no mercado de cannabis medicinal, com sede em São Paulo, e tem como clientes grandes empresas que querem entrar no ramo de medicamentos à base de maconha. CEO da The Green Hub, Marcel Grecco diz que o Brasil é, na América Latina, o País com maior potencial de mercado no ramo da maconha medicinal. 

“A Colômbia está bem avançada, vai ser um dos principais exportadores, mas temos muito potencial, principalmente em um movimento em que a Anvisa dá esse passo fundamental para o Brasil não perder a vantagem competitiva. 

É a indústria mais promissora de todos os tempos, e a gente vê com bons olhos esse movimento da Anvisa”, destaca Grecco. Repercussão Ao Estado, o Ministério da Agricultura disse não ter, “por ora, projeções sobre plantio, geração de renda e posição a respeito”. O Ministério da Economia também foi procurado para se manifestar, mas não respondeu. A abertura de duas consultas públicas para discutir a maconha medicinal foi aprovada por unanimidade, em 14 de junho, pela diretoria colegiada da Anvisa. Entre os pontos em debate está justamente o plantio. A previsão é de que as consultas terminem em 16 de agosto. 

A Anvisa recebeu 590 manifestações de associações, profissionais de saúde, empresas e da população em geral. Desse total, só oito colaborações foram contrárias à legalização. Das 304 manifestações sobre registro de produtos a base de Cannabis, 67 foram feitas por profissionais de saúde. Na 2.ª consulta foram feitas 286 contribuições, 3 delas de pessoas jurídicas e 283 de pessoas físicas. Ainda sobre cultivo, contribuíram até agora 199 pessoas que se identificaram como cidadãos ou consumidores, 43 profissionais de saúde e 21 como pesquisadores.

Correções:
Ao contrário do informado inicialmente, o princípio ativo da maconha são os canabinoides. Canabis é o nome científico da planta.

terça-feira, 19 de março de 2019

Baleia é encontrada morta com 40 quilos de plástico no estômago - BIOLOGIANEWS

Carcaça foi encontrada nas Filipinas. Biólogo diz que animal morreu de fome e desidratação.

Uma baleia da espécie bicuda de Cuvier foi encontrada em Mabini, na costa das Filipinas, morta com 40 quilos de plástico em seu estômago. A informação foi divulgada pelos cientistas do grupo D'Bone Collector Museum, organização que visa educar as pessoas sobre a preservação do meio ambiente.

Plástico é retirado do estômago de baleia morta encontrada nas Filipinas  — Foto: D'Bone Collector/Facebook
Plástico é retirado do estômago de baleia morta encontrada nas Filipinas — Foto: D'Bone Collector/Facebook
O biólogo marino Darrell Blatchley, fundador da organização, disse em entrevista à rede americana "CNN" que a baleia morreu de desidratação e inanição e vomitou sangue antes de morrer. "Eu não estava preparado para a quantidade de plástico", disse Blatchley. "Cerca de 40 quilos de sacas de arroz, sacolas de supermercado, sacolas de plantação de banana e sacolas plásticas em geral. Dezesseis sacas de arroz no total."

Biólogo retira plásticos do estômago de baleia  — Foto: D'Bone Museum/Facebook
Biólogo retira plásticos do estômago de baleia — Foto: D'Bone Museum/Facebook
Ele ressaltou que havia tantos sacos plásticos no estômago do animal que alguns começaram a se calcificar. Blatchley explicou que os cetáceos - uma família de mamíferos aquáticos que inclui baleias e golfinhos - não bebem água do oceano, mas obtêm a água dos alimentos que comem. Como a baleia não era mais capaz de consumir grandes quantidades de comida devido ao plástico ingerido, ela morreu de desidratação e fome. 

Em um comunicado no Facebook, a organização declarou que foi a maior quantidade de plástico que já registrou em uma baleia: "Uma lista completa dos itens de plástico seguirá nos próximos dias. 
Esta baleia tinha a maior quantidade de plástico que já vimos em uma baleia. É nojento. A ação deve ser tomada pelo governo contra aqueles que continuam a tratar os rios e oceanos como lixeiras".

domingo, 17 de março de 2019

Estudo diz que 1,5 milhão de pessoas usam maconha diariamente no país - BIOLOGIANEWS


De acordo com estudo da Unifesp, 8 milhões de brasileiros disseram já ter experimentado a droga alguma vez na vida. (Foto: David McNew/Getty Images/AFP)


















De acordo com estudo da Unifesp divulgado nesta quarta-feira (1º), 8 milhões de brasileiros disseram já ter experimentado maconha alguma vez, a maioria antes dos 18 anos (Foto: David McNew/Getty Images/AFP)
Unifesp divulgou primeiro levantamento detalhado sobre uso da droga. Cerca de 8 milhões de brasileiros disseram já ter experimentado maconha.
Cerca de 1,5 milhão de adolescentes e adultos usam maconha diariamente no Brasil, aponta o segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ainda de acordo com o estudo, divulgado nesta quarta-feira (1º), em São Paulo, mais de 3 milhões de adultos, com idade entre 18 e 59 anos, fumaram maconha no último ano e cerca de 8 mihões de adultos (7% dessa parcela da população) já experimentaram a droga alguma vez. Entre os usuários, o levantamento aponta três vezes mais homens. Do total, 62% tiveram o primeiro contato com a maconha antes dos 18 anos. Entre os adolescentes de 14 a 18 anos, 470 mil revelaram que fizeram uso no último ano e 600 mil disseram já ter experimentado a droga alguma vez na vida. Além disso, 17% dos consumidores nessa faixa afirmaram que conseguiram a substância dentro da escola.
Maconha (Foto: David McNew/Getty Images/AFP)
Sobre a legalização da maconha, 75% se disseram contrários (Foto: David McNew/Getty Images/AFP)
Essa é a segunda pesquisa da Unifesp sobre o tema – a primeira foi em 2006 –, mas é a primeira vez que se tem uma amostragem representativa da população brasileira sobre uso e dependência de drogas e sobre a questão da legalização. Sobre dependência, 1,3 milhão de adolescentes e adultos disseram ter sintomas disso. Entre os usuários adultos, o índice de dependência foi de 37%. Na adolescência, 10%. Foram feitas cinco perguntas, como se a pessoa já tentou parar e não conseguiu e se a maconha tem atrapalhado o dia a dia dela. Em 2006, havia um adolescente pra cada adulto usuário de maconha. Essa proporção agora é de 1,4 adolescente por adulto. 


A diferença é que o retrato anterior foi feito apenas nas escolas, entre estudantes. De janeiro a março, foram ouvidas 4.607 pessoas, com idade mínima de 14 anos, em 149 municípios de todos os estados do país. Como é uma representação do país, a cidade de São Paulo, por exemplo, teve mais participantes. Cem entrevistadores visitaram as casas das pessoas, que viviam em locais que iam desde favelas até condomínios fechados – estes últimos, os lugares de mais difícil acesso, de acordo com os autores. Foi entregue aos voluntários um questionário com 800 perguntas, que respondiam e entregavam o documento lacrado, mantendo o anonimato e uma maior confiabilidade das respostas.

As perguntas, segundo os pesquisadores da Unifesp, seguiram metodologias internacionais e também abordaram questões sobre álcool, tabaco e outras drogas ilícitas além da maconha. Em breve, a universidade vai divulgar dados regionais sobre a maconha e informações nacionais sobre o uso de cocaína, crack e oxi. A pesquisa custou mais de R$ 1 milhão e foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A metodologia ficou por conta do instituto Ipsos. Legalização Sobre a legalização da maconha no Brasil, 75% dos entrevistados se disseram contrários à proposta. Outros 11% apoiam a causa, 9% não souberam responder e 5% não responderam. De acordo com psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor da Unifesp e um dos organizadores do levantamento, o estudo está próximo de um "plebiscito" sobre a proposta de descriminalizar o consumo da maconha no país.


"Há quase 500 mil adolescentes usando maconha regularmente. Isso dá uma visão do tamanho do problema (...) e há um impacto do ponto de vista de saúde pública, desemprego e suicídio", explica. Laranjeira comentou ainda que, desde 2006, com a mudança da lei para despenalizar o uso de drogas, é possível que tenha ocorrido um aumento no consumo de maconha. Para ele, houve uma "frouxidão legislativa", que alterou a figura do usuário e impediu a pena de prisão com novas sanções alternativas. Os países com menor consumo de maconha, como Suécia e Japão, têm mais rigor e restrições. A solução não é colocar os usuários na prisão, mas nesses lugares há uma certa intolerância com o consumo. Ou vamos por esse caminho ou liberamos e aumentamos o uso. Será que a minoria vai determinar e pautar o que a gente quer como sociedade?", questionou. 

De acordo com o pesquisador, um cigarro de maconha no país custa R$ 1. Se houver a liberação, ele acredita que o mercado ficará facilitado e o preço, mais baixo. Ranking do uso de maconha Comparativamente com outros países, o Brasil aparece em 17º lugar na lista de países cujas pessoas já experimentaram maconha na vida e em 15º entre os que usaram no último ano. O Canadá lidera a lista, atrás de Nova Zelândia, Itália, EUA e Reino Unido. "Nos EUA, a maior busca de dependentes químicos por tratamento hoje é de usuários de maconha. Dados da Nova Zelândia apontam que tem crescido o número de pessoas com transtornos psicóticos e esquizofrenia em decorrência do uso da maconha. Nenhuma outra droga causa esquizofrenia, e essa é a pior doença da psiquiatria. Quem vai cuidar dos 10% dos usuários expostos a esse risco? Quem é a favor da legalização deveria responder isso", diz Laranjeira.

terça-feira, 12 de março de 2019

10 tendências que estão mudando o ensino em todo o mundo

Qual é o papel que a internet deve ter na educação? Quais valores as escolas devem ensinar? E como tornar o que é ensinado útil e relevante para um mercado de trabalho em mutação? Andreas Shleicher, diretor de educação da OCDE, apresenta estes e outros desafios globais.
Sala de aula cursinho medicina alunosÉ importante que a educação escolar se adapte a um mercado de trabalho em mutação professor escola turma educação — Foto: Marcelo Brandt/G1.
Sala de aula cursinho medicina alunosÉ importante que a educação escolar se adapte a um mercado de trabalho em mutação professor escola turma educação — Foto: Marcelo Brandt/G1
Quais são as novas tendências em matéria de educação e como vão afetar os sistemas educacionais de todo o mundo? Andreas Schleicher, diretor de educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e coordenador do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), explica quais são as grandes questões sociais, econômicas, políticas e tecnológicas que se colocam para escolas de todo o mundo
Como fazer com que os estudantes escutem opiniões divergentes das suas? — Foto: Unplash/Divulgação
Como fazer com que os estudantes escutem opiniões divergentes das suas? — Foto: Unplash/Divulgação
1. Lacuna entre ricos e pobres versus mobilidade social 
A lacuna entre ricos e pobres está aumentando, e estão se ampliando os grupos com privilégios extremos, assim como aqueles que sofrem de enormes privações. Essa desigualdade se reflete nas escolas. Nos países da OCDE (que tem 36 membros), os 10% mais ricos têm uma renda 10 vezes maior do que os 10% mais pobres. Esta divisão é um dos maiores desafios dos sistemas educacionais. Como equilibrar essa desigualdade econômica com a missão da escola de oferecer um acesso mais justo a oportunidades?
Escolas terão de apoiar estudantes que chegam de diferentes partes do mundo com o aumento da imigração — Foto: Unplash/Divulgação
Escolas terão de apoiar estudantes que chegam de diferentes partes do mundo com o aumento da imigração — Foto: Unplash/Divulgação
2. Aumento do consumo na Ásia 
A riqueza pode não estar distribuída equitativamente, mas está aumentando, especialmente na Ásia. A classe média global está crescendo, e 90% de seus novos integrantes estarão na China e na Índia. Como a economia global mudará quando as populações mais educadas do mundo provenham da Ásia e não da América do Norte e da Europa? O que vão querer estes novos consumidores ricos de suas escolas? As universidades estarão preparadas para se expandir e responder a esta maior demanda? 

3. Crescimento da imigração 
Há muito mais gente imigrando, e a Ásia assumiu o lugar da Europa como o destino mais popular dos imigrantes. Esta mobilidade traz junto a diversidade cultural, a energia e a ambição dos recém-chegados, mas também gera muitos desafios. Como poderão as escolas apoiar os estudantes que chegam de diferentes partes do mundo? Quais questões isso levanta em todo da identidade e a integração? Terão as escolas um papel mais importante no ensino de valores compartilhados? 

4. Financiamento 
A pressão para encontrar financiamento será uma grande questão para os sistemas educacionais. As escolas deverão tomar decisões a longo prazo sobre como gastar seu orçamento, sobretudo com o aumento das exigências e expectativas. Quem deverá pagar para que mais estudantes cursem a universidade? E o que acontecerá caso tenham que fazer cortes? Os indivíduos também deverão entender os riscos de repentinas crises econômicas e recessões, principalmente em momentos em que crescem as dívidas pessoais. 

5. Abertura vs. isolamento 
A tecnologia digital pode conectar mais gente do que nunca, construindo vínculos entre países e culturas. Ou esta é a teoria, ao menos. A tecnologia também pode fazer com que o mundo seja mais volátil e incerto. Poder escutar uma variedade de vozes fomenta a democracia, mas também concentra um poder sem precedentes na mão de um pequeno número de pessoas. Quando as notícias e informações são personalizadas para nós por algoritmos, isso faz com que a gente só tenha acesso a opiniões de pessoas que pensam de forma parecida e se afaste de quem pensa o oposto. Como as escolas e universidades farão para promover uma maior abertura a ideias diferentes? 

6. Humanos de primeira classe ou robôs de segunda? 
Já foram feitos vários alertas sobre a ameaça da inteligência artificial para os empregos de hoje em dia. Mas os sistemas educacionais precisam equipar os jovens com ferramentas para que possam se adaptar e modernizar em um mercado de trabalho em mutação. Surgirão muitas perguntas em torno de como desenvolver habilidades humanas que não possam ser replicadas por robôs. Como garantir que características humanas como imaginação, sentido de responsabilidade ou inteligência emocional possam ser aproveitadas junto com o processamento da inteligência artificial? 

7. Lições ao longo da vida 
A expectativa de vida está aumentando, e um mercado de trabalho menos previsível faz com que cada vez mais adultos tenham que voltar a se capacitar profissionalmente. Será necessário dar mais atenção ao aprendizado a longo prazo, para que os adultos estejam preparados para mudar de trabalho e se aposentar por mais tempo. Desde 1970, a média de anos de aposentadoria em países da OCDE aumentou de 13 para 20 anos. Em décadas recentes, houve grandes mudanças no âmbito profissional, e praticamente desapareceu o "emprego pra toda a vida". Mas, na realidade, os adultos que mais precisam de educação e treinamento, ou seja, aqueles menos qualificados, são os que menos têm chances de ter acesso a isso. É um problema frequentemente ignorado, mas será cada vez mais importante que as habilidades de uma pessoa coincidam com os requisitos dos empregos disponíveis. 

8. Conectados ou desconectados? 
A internet é uma parte integral da vida dos jovens. Em alguns países, a quantidade de tempo que os jovens de 15 anos passam conectados duplicou em três anos. Muitos adolescentes dizem sentir-se mal se ficam desconectados. Mas a educação ainda tem que aceitar a presença permanente da internet. Qual é o papel que ela deve ter na educação? Como reduzir seus efeitos negativos, como o cyberbullying e a perda de privacidade? 

9. Ensino de valores 
Todo mundo espera que a escola ensine valores. Mas, em um mundo cada vez mais polarizado, quem decide quais devem ser ensinados? O mundo digital tornou possível que mais gente expresse suas opiniões, mas isso não garante que possam acessar informações confiáveis e balanceadas ou que estejam dispostos a escutar outras pessoas. Como uma pessoa pode diferenciar fatos e ficção? Como a escola podem diferenciar opiniões e informações objetivas? As escolas devem ser politicamente neutras ou promover ideias ou formas de pensamento específicas? E qual classe de virtudes cívicas são exigidas pelas democracias modernas?

10. Temas irrelevantes para muitos 
A ONU diz que há cerca de 260 milhões de crianças que perdem a chance frequentar a escola. Para elas, estes temas serão irrelevantes, porque nem sequer têm acesso a uma escola ou estão escolas com um nível educacional tão baixo que saem dela sem ter os conhecimentos mais básicos de escrita e matemática.




quarta-feira, 6 de março de 2019

Polícia das Filipinas apreende 1,5 mil tartarugas em malas - BIOLOGIANEWS

Polícia das Filipinas apreende 1,5 mil tartarugas em malas abandonadas em aeroporto.
Répteis de variedades raras e protegidas estavam envoltos em fita adesiva dentro de quatro malas.
Malas estavam repletas de tartarugas de variedades raras e protegidas envoltas em fita adesiva — Foto: Bureau of Customs Naia/Facebook
Malas estavam repletas de tartarugas de variedades raras e protegidas envoltas em fita adesiva — Foto: Bureau of Customs Naia/Facebook
A polícia das Filipinas descobriu 1.529 tartarugas vivas envoltas em fita adesiva dentro de quatro malas abandonadas no aeroporto de Manila no domingo (3). As malas estavam repletas de variedades raras e protegidas, incluindo tartarugas estelares, tartarugas de patas vermelhas, tartarugas sulcadas e escorregadores de orelhas vermelhas. 
Malas com as tartarugas apreendidas no aeroporto de Manila — Foto: Bureau of Customs Naia/Facebook
Malas com as tartarugas apreendidas no aeroporto de Manila — Foto: Bureau of Customs Naia/Facebook
Os animais foram trazidos em um voo de Hong Kong por um passageiro das Filipinas e deixados na área de desembarque do aeroporto internacional de Manila Ninoy Aquino. Os répteis foram avaliados em até 4,5 milhões de pesos (£ 60.000). As tartarugas foram transferidas para uma unidade de monitoramento.
Tartarugas de espécies raras estavam abandonadas envoltas em fitas adesivas — Foto: Bureau of Customs Naia/Facebook
Tartarugas de espécies raras estavam abandonadas envoltas em fitas adesivas — Foto: Bureau of Customs Naia/Facebook
Há uma alta demanda por tartarugas como animais de estimação exóticos, que são valorizados por sua carne e por uso na medicina tradicional em alguns países asiáticos. As Filipinas têm leis rígidas contra o contrabando de animais e, se encontradas, a pessoa que transporta pode pegar até dois anos de prisão e multa de 200 mil pesos. 
Tartarugas serão enviadas para uma unidade de monitoramento — Foto: Bureau of Customs Naia/Facebook
Tartarugas serão enviadas para uma unidade de monitoramento — Foto: Bureau of Customs Naia/Facebook
O contrabando de animais silvestres é um problema em todo o sudeste da Ásia. A alfândega filipina apreendeu 560 tipos de vida selvagem e animais ameaçados em 2018, incluindo 250 lagartixas, 254 pedaços de coral e várias espécies de répteis, e em 2019 já apreendeu 63 iguanas, camaleões e dragões barbudos em bagagens nos embarques internacionais.

Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo - BIOLOGIANEWS

Estudo foi feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e divulgado nesta segunda (4). País produz 11 milhões de toneladas de lixo plástico por ano.
Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo e recicla apenas 1%.
Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo; apenas 1,2% é reciclado. — Foto: Adneison Severiano/G1 AM
Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo; apenas 1,2% é reciclado. — Foto: Adneison Severiano/G1 AM
O Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. O país também é um dos menos recicla este tipo de lixo: apenas 1,2% é reciclado, ou seja, 145.043 toneladas. Os dados são do estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, sigla em inglês). O relatório “Solucionar a Poluição Plástica – Transparência e Responsabilização" será apresentado na Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-4), que será realizada em Nairóbi, no Quênia, de 11 a 15 de março.
Plástico: descarte irregular ameaça oceanos e ecossistemas — Foto: Pixabay
Plástico: descarte irregular ameaça oceanos e ecossistemas — Foto: Pixabay
Veja os números: 
Brasil produz 11.355.220 milhões de toneladas de lixo plástico por ano 

Cada brasileiro produz 1 kg de lixo plástico por semana 

Somente 145.043 toneladas de lixo plástico são recicladas 

2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular 

7,7 milhões de toneladas ficam em aterros sanitários 

Mais de 1 milhão de toneladas não é recolhida no país

O Brasil é um dos países que menos recicla no mundo ficando atrás de Yêmen e Síria e bem abaixo da média mundial que é de 9%. Dentre os maiores produtos de lixo plástico, é o que menos recicla.
Países maiores produtores de lixo plástico no mundo — Foto: WWF
Países maiores produtores de lixo plástico no mundo — Foto: WWF
"O fato de o Brasil está no 4º lugar como gerador de lixo plástico do mundo e reciclar somente 1% é resultado da falta de políticas públicas adequadas que incentivem a reciclagem em larga escala"- Anna Carolina Lobo, coordenadora do Programa Mata Atlântica e Marinho do WWF-Brasil.

"Mas também da adoção de um trabalho conjunto com indústrias para desenvolver novas tecnologias, como plásticos de uso único ou plásticos recicláveis, ou substituir o microplástico de vários produtos. Além da própria sociedade enquanto consumidora porque podemos mudar o cenário de acordo com nossas atitudes do dia a dia", explica Lobo.

Lixo plástico: como você pode fazer sua parte para diminuir os resíduos

Segundo a ONG, a poluição pelo plástico afeta a qualidade do ar, do solo e sistemas de fornecimento de água, já que o material absorve diversas toxinas e pode levar até 100 anos para se decompor na natureza.

O que fazer com tanto plástico?
Dentre as possíveis soluções estão a destinação correta, a reciclagem e a diminuição da produção de lixo plástico. O brasileiro produz, em média, 1 kg de lixo plástico por semana, uma das maiores médias do mundo. Soluções como o banimento de canudinhos e descartáveis são boas iniciativas, mas o trabalho precisa ir além da proibição. Para Lobo, é importante reconhecer e valorizar esses projetos de lei, mas é preciso um trabalho com os estabelecimentos comerciais para que eles não continuem ofertando produtos plásticos e com o consumidor para que faça o descarte corretamente.

Fernando de Noronha já tentou vetar o plástico descartável em 1996; novo decreto prevê multa a partir de abril Para ela, os entraves no Brasil para uma taxa mais alta de reciclagem e descarte correto do lixo são muitos e passam por diferentes fatores: "Se a gente pensar que nem saneamento básico chegou para todo mundo, imagina a reciclagem. Tem também a falta de estrutura para fazer coleta seletiva em larga escala e a questão da educação ambiental de fazer a separação do lixo. E falta também uma conscientização por paste das empresas de que elas precisam ser responsáveis pelo produto durante todo o ciclo de vida"

Uma das ideias possíveis e mais baratas a curto prazo é voltar com o uso de embalagens retornáveis, como anunciado pelas gigantes da indústria alimentícia Coca-Cola e a Pepsico, que já testam em alguns países o serviço.

Plástico nos oceanos 
Sem a destinação adequada, boa parte dos resíduos plásticos acabam nos oceanos. Segundo o relatório da WWF, o volume de plástico que chega aos oceanos todos os anos é de aproximadamente 10 milhões de toneladas, o que equivale a 23 mil aviões Boeing 747 pousando nos mares e oceanos todos os anos – são mais de 60 por dia. Seringa, canudos e muito plástico: lixo oceânico ameaça piscina natural em Fernando de Noronha Neste ritmo, até 2030, encontraremos o equivalente a 26 mil garrafas de plástico no mar a cada km2. 

"De todo lixo encontrado no litoral brasileiro, a maior parte é plástico. Esse verão do fim de 2018/início de 2019 foi o recordista de animais mortos na costa brasileira- principalmente no litoral de São Paulo- e boa parte dos grandes mamíferos tinham plástico em seus estômagos", disse Anna Carolina Lobo, da WWF.

domingo, 3 de março de 2019

Dois terços das geleiras do Himalaia podem derreter até 2100 - BIOLOGIANEWS

Estudo envolvendo cerca de 350 pesquisadores avalia impactos das mudanças climáticas na região considerada um terceiro polo da Terra. Derretimento coloca em risco sobrevivência de centenas de milhões de pessoas.
Geleiras do Himalaia foram formadas há 70 milhões de anos — Foto: Reuters/Phurba Tenjing Sherpa
Geleiras do Himalaia foram formadas há 70 milhões de anos — Foto: Reuters/Phurba Tenjing Sherpa
Se as emissões de CO2 não forem drasticamente reduzidas e o aquecimento global continuar no ritmo atual, dois terços das geleiras do Himalaia podem derreter até 2100, colocando em risco a sobrevivência de centenas de milhões de pessoas, advertiu um estudo publicado nesta segunda-feira (4). Vastas geleiras formam a região do Hindu Kush e do Himalaia (HKH), considerada um terceiro polo da Terra, além da Antártida e do Ártico. A área da HKH compreende um sistema de montanhas com uma superfície de 4,2 milhões de quilômetros quadrados, que abrange parte do Afeganistão, Bangladesh, Butão, China, Índia, Mianmar, Nepal e Paquistão. "Essa é uma crise climática da qual ninguém ouviu falar", afirmou o principal autor do estudo, Philippus Wester, do Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICIMOD). 

"O aquecimento global pode transformar os frios picos cobertos de geleiras da HKH que percorrem oito países em rochas descobertas em pouco menos de um século", acrescentou. O estudo afirma que, mesmo se as reduções das emissões de gases do efeito estufa alcancem as metas estabelecidas no Acordo do Clima de Paris, que visa limitar o aquecimento global a 1,5°C, um terço das geleiras da região do Himalaia derreterá no decorrer deste século. A região é o lar dos picos mais altos do mundo, de uma vasta reserva natural e bacias hidrográficas que proporcionam água, alimentos e energia a 240 milhões de pessoas que vivem nas montanhas. 
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Foto: Reuters/Phurba Tenjing 
Há, além disso, 1,65 bilhão de pessoas que vivem nos vales que também se beneficiam diretamente ou indiretamente de seus recursos, e mais de 3 bilhões de pessoas se abastecem dos alimentos desenvolvidos graças a este ecossistema. De acordo com o relatório, os impactos do derretimento das geleiras iriam desde o aumento da poluição do ar até a intensificação de fenômenos meteorológicos extremos. A agricultura na região HKH e os sistemas de abastecimentos de água e produção de energia também seriam afetados.

O degelo impactaria o fluxo de rios, como Mekong, Yangtzé, Indus e Ganges, onde agricultores dependem da água derretida das geleiras nos períodos de seca. A mudança climática pode ainda causar erosão e deslizamentos de terra nas montanhas. O derretimento também traria prejuízos ao turismo, uma das principais fontes renda na região. "São tempos difíceis, daqui até 2080 as condições econômicas e aspectos sociais previstos no relatório podem piorar", disse durante a apresentação Eklabya Sharma, subdiretora geral de ICIMOD. Formadas há cerca de 70 milhões de anos, as geleiras do Himalaia são altamente sensíveis a mudanças de temperatura. 

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Foto: Reuters/Phurba Tenjing 
Desde a década de 1970, elas vêm diminuindo drasticamente. Segundo Sharma, o derretimento completo do gelo na HKH aumentaria o nível do mar em 1,5 metro. O estudo estima ainda que a região precisaria investir mais de 4,6 bilhões de dólares por ano até 2030 e 7,8 bilhões de dólares até 2050 para se adaptar aos impactos das mudanças climáticas. O ICIMOD desenvolveu ao longo de cinco anos a pesquisa sobre os impactos das mudanças climáticas na região do Himalaia. Cerca de 350 pesquisadores de 22 países e 185 organizações participaram do estudo.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Maior felino das Américas, está criticamente ameaçada de extinção - BIOLOGIANEWS

Status de conservação muda conforme o bioma em que o animal vive. Preservação da onça garante equilíbrio ecológico na cadeia alimentar.
Maior felino das Américas, a onça-pintada está criticamente ameaçada de extinção na caatinga.
Onça-pintada (Panthera onca) em foto de junho de 2012. Espécie é o maior felino das Américas e está vulnerável no Brasil. — Foto:  WWF / AFP
Onça-pintada (Panthera onca) em foto de junho de 2012. Espécie é o maior felino das Américas e está vulnerável no Brasil. — Foto: WWF / AFP
A população do maior felino das Américas está caindo. A onça-pintada, um carnívoro que pode chegar a até 135 kg e 75 cm de altura, já é considerada oficialmente extinta nos Estados Unidos e está sob ameaça em outros países. No Brasil, a espécie é vulnerável, mas o status de avaliação muda conforme o bioma no qual ela vive. A situação é mais delicada na caatinga, onde o animal está criticamente ameaçado de extinção. As espécies ameaçadas são foco da segunda série "Desafio Natureza", que já abordou as ações feitas para preservar a arara-azul-de-lear no sertão da Bahia. A onça-pintada e a arara-de-lear fazem parte das 1.173 espécies que vivem sob risco de extinção no Brasil. A caatinga abriga 182 desses animais – 46 são espécies endêmicas, ou seja, só existem neste lugar do mundo.

Para ajudar na preservação da onça-pintada na caatinga, o governo federal criou em abril de 2018 o Parque Nacional do Boqueirão da Onça, com 347 mil hectares, e a área de proteção ambiental (Apa), de 505 mil hectares. 
  • Onças ganham parque nacional na caatinga para preservação das espécies.
A presença deste tipo de felino no Boqueirão da Onça foi descoberta somente em 2006. Até então, acreditava-se que apenas a onça-parda (Puma concolor) vivia na região e que a pintada se restringia a outras áreas de caatinga. A comprovação da existência desta espécie naquele local específico fez com que o pedido de criação do parque nacional ganhasse mais força – uma discussão que já se arrastava há pelo menos 14 anos.
Onça-pintada, o maior felino das Américas — Foto: Igor Estrella/G1
Onça-pintada, o maior felino das Américas — Foto: Igor Estrella/G1
A importância dos animais 'topo de cadeia' 
Conhecida cientificamente como Panthera onca (sem cedilha), a onça-pintada é uma das prioridades da Red List (Lista Vermelha, em inglês), da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN). No Brasil, ela está presente em quase todos os biomas e está ameaçada em todos eles (veja quadro abaixo). Embora o número de onças-pintadas seja igualmente crítico na mata atlântica e na caatinga, a situação é pior no bioma do semiárido porque, ele mesmo, não é alvo de conservação. No caso das onças, que são territorialistas, a preservação do ambiente está diretamente ligada à manutenção da espécie, que pode ocupar até 495 km². Mas, segundo pesquisadores, 50% da área de vegetação nativa da caatinga já foi devastada. 
Onça-pintada (Panthera Onca) em foto tirada em 2012, no México. No Brasil, a espécie é considerada vulnerável, mas o status de avaliação muda conforme o bioma em que ela vive — Foto:  WWF / AFP
Onça-pintada (Panthera Onca) em foto tirada em 2012, no México. No Brasil, a espécie é considerada vulnerável, mas o status de avaliação muda conforme o bioma em que ela vive — Foto: WWF / AFP
Além disso, a escassez da cobertura vegetal pode afetar as nascentes da região, tornando o acesso à água ainda mais difícil para a onça. A estimativa é de que existam menos de 250 indivíduos na região. “É uma espécie ecologicamente importante porque é topo da cadeia alimentar. A extinção desta espécie leva ao aumento de outras, que antes eram suas presas, e provoca o desequilíbrio ambiental”, diz Rogério Cunha, coordenador substituto do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), ligado ao Ministério do Meio Ambiente. Um exemplo, conta Cunha, foi o que aconteceu no Oeste de São Paulo. 

Um estudo de impacto ambiental sobre a construção de uma hidrelétrica mostrou que as onças-pintadas, que antes viviam na região, foram mortas por fazendeiros após atacar o gado. Com o sumiço das onças, aumentaram as capivaras, que antes eram suas presas. “As onças foram acompanhadas com coleiras [de monitoramento]. Com isso, vimos que as que foram para as áreas secas [após o alagamento] começaram a atacar o gado, porque as presas que ela comiam morreram afogadas no lago [da hidrelétrica]. Os fazendeiros passaram a matar as onças. A população de capivaras aumentou de forma assombrosa [porque não tinha mais onças para caçá-las], passaram a comer as plantações, aumentaram os casos de febre maculosa [transmitida pelo carrapato-estrela, que se hospeda na capivara]. Foi um efeito cascata”, explica Cunha.

Ameaças A devastação ambiental e o avanço da agricultura são ameaças constantes para as onças em todos os biomas. Conforme a presença humana avança sobre as áreas nativas, a onça recua para se afastar do convívio. “Ela é muito sensível à presença humana. Precisa de grandes áreas nativas bem preservadas para sobreviver. É um animal solitário e territorialista que precisa do seu espaço", diz Cláudia Bueno de Campos, bióloga e coordenadora do Programa Amigos da Onça, do Instituto para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais – Pró-Carnívoros. Na caatinga, a criação extensiva dos rebanhos de ovinos, caprinos e bovinos traz um novo agravante: o confronto com os humanos, que temem o ataque das onças aos animais. “São rebanhos criados soltos na caatinga, para se alimentar da própria mata nativa, principalmente na época de seca. E, como eles andam bastante, isso pode fazer com que os animais sejam perdidos pelos criadores, seja por doença, ataque de cobra, furto de outros criadores, ou até mesmo o ataque das onças. Mas, por causa da fama que os predadores naturalmente têm, a culpa de todas as perdas sempre sobra para elas”, diz. Um projeto da Pró-Carnívoros tenta estimular a população a fazer a criação semi-intensiva, com áreas delimitadas para o rebanho. Mas o desafio é longo. A cultura da caça atinge até os mais jovens, que veem na morte do animal um ato de bravura.
Onça-pintada está presente em quase todos os biomas do país, mas status de conservação muda em cada área. — Foto: Roberta Jaworski / G1
Onça-pintada está presente em quase todos os biomas do país, mas status de conservação muda em cada área. — Foto: Roberta Jaworski / G1

Anvisa conclui análise e diz que o agrotóxico mais usado no Brasil não causa câncer - BIOLOGIANEWS

Substância estava em reavaliação toxicológica pela Anvisa desde 2008. Instituição ligada à OMS diz que ele é "provavelmente cancerígeno", mas agências de regulação do mundo todo discordam.



Funcionário aplica agrotóxico em pequena fazenda em Limoeiro do Norte, no Ceará em 16 de janeiro — Foto: Reuters/Davi Pinheiro/Arquivo
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu sua reavaliação toxicológica do glifosato, o agrotóxico mais usado do Brasil e no mundo. O parecer da área técnica é de que seu uso pode continuar sendo permitido no país, já que não causa prejuízos à saúde. Projeto de lei quer mudar legislação dos agrotóxicos no Brasil; entenda Governo Bolsonaro libera 54 novos agrotóxicos no mercado em 47 dias Antes de a agência finalizar a regulamentação sobre a questão, no entanto, ela vai abrir consulta pública por 90 dias para que a sociedade possa se manifestar. A decisão final sobre a substância, no entanto, só será tomada após o período de consulta pública que a agência abrirá por 90 dias para que a sociedade possa se manifestar. 
Funcionário aplica agrotóxico em pequena fazenda em Limoeiro do Norte, no Ceará em 16 de janeiro  — Foto: Reuters/Davi Pinheiro/Arquivo
Funcionário aplica agrotóxico em pequena fazenda em Limoeiro do Norte, no Ceará em 16 de janeiro — Foto: Reuters/Davi Pinheiro/Arquivo
O glifosato é o principal ingrediente ativo de diversos herbicidas usados em plantações e jardins. São 110 agrotóxicos com a substância comercializados no Brasil, produzidos por 29 empresas diferentes, segundo a agência. Em 2017, cerca de 173 mil toneladas de produtos com glifosato foram usadas no país. A reavaliação toxicológica da substância vinha ocorrendo desde 2008. O resultado foi divulgado nesta terça-feira (26) e a conclusão foi que a substância "não apresenta características mutagênicas e carcinogênicas" - ou seja, não causa câncer - e "não é um desregulador endócrino" - não interfere na produção de hormônios. 

"Glifosato não se enquadra em critérios de proibição. Nossa recomendação é para a manutenção da permissão da substância e pela adoção de medidas de mitigação de risco", afirmou Daniel Roberto Coradi, da GGTOX, a área de análise toxicológica da Anvisa. 

Para chegar a essa conclusão, os técnicos da agência analisaram estudos científicos, relatórios de organismos internacionais, dados oficiais de monitoramento em água e de intoxicações e estudos das empresas que registraram a substância.
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Funcionário aplica agrotóxico em pequena fazenda em Limoeiro do Norte, no Ceará em 16 de janeiro — Foto: Reuters/Davi Pinheiro/Arquivo
Reavaliações 
Comercializado para agricultores desde 1974, nos últimos anos o glifosato passou por diversas reavaliações de agências ambientais e de saúde ao redor do mundo, mas não foi proibido em nenhum paíS.

Até pouco tempo atrás, a substância era considerada um dos agrotóxicos menos problemáticos, explica o agrônomo Luiz Claudio Meirelles, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. Ele age inibindo o funcionamento de uma enzima usada pelas plantas invasoras para realizar fotossíntese. Os animais não possuem essa enzima, então, em tese, não deveriam ser afetados pela substância. Essa suposta segurança, aliada ao desenvolvimento da soja geneticamente modificada resistente aos efeitos do glifosato, fez com que ele se espalhasse rapidamente pelo mundo e se tornasse amplamente usado. No entanto, em 2015, a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (Iarc), parte da Organização Mundial de Saúde, concluiu com base em centenas de pesquisas que o glifosato era "provavelmente cancerígeno" para humanos. 

A EPA (agência de proteção ambiental americana) discorda dessa avaliação e afirma que o glifosato é seguro quando usado corretamente. A Comissão Europeia também autorizou o uso do glifosato no continente até 2022, quando voltará a fazer uma avaliação. A avaliação da Anvisa está em acordo com as agências americana e europeia. A diferença entre as análises existe pois as instituições usam metodologias diferentes, explica Letícia Rodrigues, especialista em toxicologia, regulação e vigilância sanitária, e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ela afirma que há muitos critérios diferentes para determinar quais estudos são levados em consideração para que cada instituição chegue a uma conclusão. Na França, o presidente Emmanuel Macron havia prometido acabar com o uso do glifosato até 2021, mas voltou atrás em janeiro deste ano após protestos de fazendeiros e agricultores. "Não é mais viável, vai matar nossa agricultura", ressaltou Macron. 
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Foto: Reuters/Davi Pinheiro/Arquivo
Mitigação de risco
A análise da Anvisa também atualizou recomendações sobre o uso do ingrediente. O limite para exposição diária deve ser de no máximo 0,1 ml por kg de peso corporal para o trabalhador que faz a aplicação - e que está em contato com a substância diariamente. Para os consumidores dos produtos, o limite é de de 0,5 ml por kg de peso corporal.

A proposta de regulamentação diz que o ingrediente não deve mais ser comercializado na forma concentrada para uso doméstico em jardins: a ideia é que ele seja vendido já diluido, na concentração recomendada. Isso porque a preparação do produto em ambiente doméstico pode levar a irritação ocular, diz a GGTOX. A agência também analisou a possibilidade de intoxicação aguda – quando uma quantidade muito grande do herbicida é ingerida de uma vez. Para isso, avaliou 22 mil amostras de água – cerca de 26% continham traços de glifosato e 0,03% das amostras de continham glifosato acima do limite permitido. Segundo Coradi, a concentração encontrada é considerada baixa. Junto com os traços do herbicida em alimentos (arroz, manga e uva), o máximo a que a população pode estar exposta é de 4,37% da quantidade que poderia gerar intoxicação. A Anvisa também afirma que é preciso melhorar a capacitação de quem aplica a substância. Segundo o órgão, mais de 60% dos trabalhadores que aplicam os agrotóxicos não completaram ensino fundamental. "Há muitos desafios para que o trabalhador entenda o risco. Cursos padrão podem ter limitação para atingir os afetados", diz Coradi, da GGTOX. 

Contra o glifosato

Apesar da análise das agências de regulação, uma parte da comunidade científica é contra a continuação do uso do glifosato – posição compartilhada por ativistas de defesa do meio ambiente. "Se você olha como algumas substâncias foram tratadas historicamente, percebe semelhanças. O DDT (pesticida muito usado na segunda metade do século passado), por exemplo. Quando começou a se descobrir seus efeitos cancerígenos, quem tinha interesse econômico fez de tudo para negar", afirma Meirelles, da Fiocruz. "Mas a ciência independente foi avançando, comprovando que os malefícios eram verdadeiros, e não havia mais como negar. Hoje, o DDT é proibido mundialmente. O glifosato é o DDT de hoje, vai passar pelo mesmo processo."

Segundo ativistas, há outras questões além dos possíveis problemas de saúde a serem levadas em consideração, como danos ambientais. Um novo estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences expôs as abelhas a níveis da substância encontrados em jardins e plantações e descobriu que, quando ingerido pelas abelhas, o glifosato afeta o micribioma intestinal dos insetos e diminuiu sua capacidade de combater infecções. A Anvisa não avalia efeitos ambientais da substância, como por exemplo possíveis efeitos na saúde das abelhas. Esse tipo de análise é feito pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente).
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